Há alguns dias atrás fui com o meu marido a um dos relojoeiros mais antigos do meu bairro, para consertar um relógio. Quando eu cheguei lá, vi um senhor sentado, numa mesa cheia de peças minúsculas e ao seu redor relógios de todas as formas e tamanhos. O primeiro comentário que fiz foi parabenizar aquele homem, que no meio de tanta tecnologia de ponta, lá estava ele exercendo uma das profissões mais antigas do mundo. Mas além disso, eu também comentei que jamais conseguiria trabalhar em um lugar rodeado de relógios. E aquele senhor riu, quando eu disse isso, ao que completou: “é por isso que deixo todos desregulados. Se quero ver as horas exatas, acompanho apenas um, aquele ali…” (apontando ele para um relógio digital enorme, embaixo de Cuco, com pêndulo). Ele ainda completou: “Quando eu viajo, por exemplo, nem uso relógio. Me desconecto do tempo.” Essa última fala me chamou muito a atenção, porque eu tenho o mesmo hábito, quando estou em meus momentos de descanso: não uso relógio. Eu tenho em mim que, de alguma forma, quando estou usando um relógio, preciso cumprir tudo o que me proponho, dentro daqueles números representados pela telinha que está no meu pulso.
Ao começar a escrever esse texto, quis quebrar um padrão: é quarta-feira. Estou no meu escritório e lá fora está um calorão. Estou trabalhando. E eu resolvi tirar o relógio.
E aí eu volto com a pergunta que está no título dessa prosa: Será que estamos realmente vivendo ou tudo não passa de um script? Aprendemos, desde a infância, a importância de ter hábitos, agenda, rotina e disciplina e que a produtividade está dentro dessa rotina que traçamos. A mesma rotina que nos faz ter o pensamento medíocre de que os dias bons são só aos fins de semana. A mesma rotina que desperta a ansiedade em quem ouve a vinheta de determinados programas, no domingo à noite. O que quero dizer aqui é que, estamos acostumados a viver todos os dias da mesma maneira, tendo os mesmos hábitos e esperamos ter resultados diferentes. Einstein já dizia:
“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”
E aí vem a máxima da mente criativa em busca de soluções, que provém uma expressão simples: E SE.
- E SE eu estiver replicando algo que me foi ensinado e que não é eficiente, pra mim?
- E SE existisse uma forma diferente de me organizar, para ter dias mais FELIZES?
- E SE eu colocasse mais recompensas na minha agenda, da mesma forma que coloco as tarefas?
Para o relojoeiro, a felicidade está em retirar o relógio para curtir seus momentos em família. Hoje, para mim, foi tirar o relógio para trabalhar E para você? O que vai ser?
Seguir uma receita de bolo é fácil, mas fala que o bolo não fica mais gostoso, quando acrescentamos o nosso ingrediente secreto? A graça está na quebra dos padrões e na conexão livre a algo que nos faça feliz e EU acredito que esse é o verdadeiro significado de produtividade.
Quantos E SE estão passando na sua cabeça, neste exato momento, que podem te conectar com a realidade que você sonha tanto em viver?
Sou Kamila Gomes, psicopedagoga e CEO da Super Mentes, onde ajudamos adolescentes a serem protagonistas do próprio aprendizado com organização e inteligência emocional. Continue acompanhando minha coluna mensal aqui, na PINC, onde iremos conversar sobre planejamento, gestão emocional e mentalidade.
Te vejo em breve!