Ser feliz a dois envolve diversos fatores, e a gente tá cansado de saber que só o amor não basta, não é mesmo? E para apimentar a equação da felicidade amorosa, existe um fator de risco ainda mais concreto e contemporâneo: a diferença de sucesso financeiro entre os casais e o impacto disso nas relações.
O sucesso se constitui de diversas maneiras e pode ser medido de acordo com a experiência pessoal de cada um. Para alguns o sucesso pode ser ter uma casa gigante e um emprego estável, e para outros pode ser ter liberdade no trabalho e morar na praia, por exemplo. Ou seja, não existe um padrão, ele se adequa ao desejo e ambição individual.
Porém, em um relacionamento, na maioria das vezes, o que se almeja é que as percepções de sucesso estejam alinhadas, para que o casal cresça junto e diminua ao máximo as frustrações. Nesses casos é imprescindível que exista um alinhamento de expectativas, para que surjam menos surpresas desagradáveis no meio do caminho. Sem dúvidas esse seria o cenário ideal. Mas existem alguns casos em que as expectativas estão alinhadas, mas as proporções de sucesso são diferentes. Uma das partes se deu melhor, e agora?
Considerando que os casais podem ser formados por pessoas de diferentes situações sócio econômicas e com diferentes capacidades, isso é bastante comum. Mas essa diferença pode ter alguns efeitos colaterais, podendo afetar diversas áreas do relacionamento, como a capacidade de socialização do casal, a libido, percepção de felicidade e o sentimento de completude. E não podemos esquecer que os fatores de gênero também influenciam muito! Homens e mulheres têm papéis sociais distintos em relação ao dinheiro e, embora essa diferenciação exista e tenha deixado resquícios (o homem que provê a família e a mulher que fica em casa cuidando dos filhos), ela não cabe na configuração da grande maioria dos casais brasileiros da atualidade.
Na dinâmica da disparidade de sucesso financeiro dos casais, podemos destacar dois perfis: a pessoa que se sente culpada por ganhar mais e não consegue aproveitar com plenitude o fruto do seu esforço, e a pessoa que está frustrada por não ter conseguido estar em pé de igualdade com seu parceiro(a). Esses padrões nem sempre se manifestam de forma escancarada, muitas vezes são inconscientes, mas o que pode ficar escancarado é o desconforto que surge se não houver um diálogo claro sobre isso. Sinceridade é o ponto chave.
Se você é a pessoa que tem menos sucesso financeiro, é importante se questionar como você se sente em relação a isso. É uma coisa que te incomoda? Você sente inveja? Se sente feliz? Consegue aproveitar a situação sem se sentir culpado(a)? O autoconhecimento nessas horas é um grande aliado! Afinal de contas, se existirem muitos sentimentos negativos em relação ao sucesso do outro, mesmo que de forma inconsciente, dificilmente vocês prosperarão como casal. Em terra de empreendedorismo e múltiplas jornadas de trabalho, a última coisa que queremos é que a autossabotagem prevaleça.
Por outro lado, ao passo em que as coisas melhoram para uma das partes, existe uma mudança de vida e de desejos, o que pode ser muito positivo para o casal. Porém, para que isso seja aproveitado, é necessário que exista uma reformulação dos combinados. Questionamentos simples, como “como vamos dividir as contas agora?” e “como vamos organizar nossa vida pessoal com nossa rotina de trabalho?”, são essenciais para que não haja mal estar com a nova configuração da renda.
O sucesso e o dinheiro podem ser mal vistos e atrelados a coisas negativas, esse sentimento é cultural, e tem raízes muito profundas. O sucesso financeiro, embora traga um senso maior de segurança para algumas pessoas, pode representar uma ameaça ao relacionamento quando visto como algo que proporciona uma relação de desigualdade entre os envolvidos. Por isso, é sempre bom manter o diálogo em dia e entender quais são os sentimentos despertados nesse processo, para que a frustração e a culpa não tomem conta da vida a dois.
