Outro dia ouvi duas crianças conversarem sobre profissões. Uma delas falava sobre construções inovadoras e sustentáveis, lembrando de uma notícia que viu na internet sobre casas construídas a partir de garrafas pet. A outra, ouvindo isso, começou a criar a hipótese da montagem de um carro, a partir de material reciclável (e ainda estendeu essa hipótese para o desenvolvimento de foguetes, no mesmo formato).
É empolgante assistir ao desenvolvimento de uma geração que veio ao mundo com o enorme potencial de gerar soluções. Sim: eles estão preocupados com o próprio futuro.
Eu aposto que, quando criança, ao ser perguntado sobre a profissão que você desejava, era muito comum ouvir: médica, bombeira, policial, advogada e jogadora de futebol. Agora, quando perguntamos a uma criança ou adolecente ouvimos: youtuber, operador de drone, gamer… E mesmo nas profissões mais “tradicionais”, escutamos nichos bem definidos: medicina veterinária para animais de grande porte; engenheiro, na NASA; engenheiro civil (para construir casas e escolas sustentáveis) e por aí vai.
Contudo, não é só a mentalidade das gerações que está diferente. O mercado está mudando. Hoje as pessoas lutam por condições de trabalho mais igualitárias; a busca pela flexibilidade para a escolha entre home office ou presencial; a escolha de ambientes de trabalho que priorizem a saúde mental e o bem-estar dos funcionários. E você deve estar pensando: “ah, essa aspiração profissional é minha!” Sua e… do seu filho.
No relatório do Fórum Econômico Mundial , em 2018, já se fazia uma previsão de tendências mercadológicas, nas quais envolvem o desenvolvimento tecnológico acelerado e a substituição de profissões lineares, por equipamentos automatizados. E foi mais rápido que o esperado: porteiro eletrônico, hotéis com recepção automatizada, voos e viagens mais ágeis, com o apoio de aplicativos. E aqui está a maior explicação para a mudança do formato do ensino médio: seu filho acompanha, desde cedo, as tendências de mercado, para fazer escolhas mais assertivas de sua profissão no futuro.
Agora, o trabalhador precisa desenvolver habilidades que o permitam ser proativo e solucionador de problemas. E a relação de toda essa mudança na família começa nas aspirações. A escolha que você faz hoje afeta a rotina de todos os familiares (principalmente se você empreende dentro do próprio negócio): ausência de tempo, no decorrer da semana, maior exaustão, mais funções delegadas para dar conta de tudo. E para o seu filho não é diferente. Escolhas que envolvam mudança de estado ou até país; cursinhos, residências, estágios e trainees de médio-longo prazo.
Agora, mais do que nunca, é hora de sentar e conversar sobre um futuro que já está batendo na porta do presente. é hora de falar sobre aspirações e começar a planejar a rotina para estipular combinados e divisão de tarefas. Você não precisa carregar o mundo nas costas sozinha. Conversem e planejem. A disciplina “Projeto de Vida”, do novo ensino médio, é um start para essa organização. Vocês podem criar, juntos, mapas das aspirações da família e identificar o que é possível de ser realizado agora, para a conquista desses sonhos. A participação de todos nesse espaço de construção permitirá maior confiança, propósito, engajamento e comprimento das metas estabelecidas.
Sim, a rotina irá mudar. Mas esses dias eu ouvi a seguinte frase de Rennata Raniele (mentora de ancestralidade e abundância): tudo o que é organizado prospera. A evidência disso são os processos que não possuem intervenção humana, na natureza. Logo, respirem fundo, planejem, escrevam, apaguem o que foi planejado e planejem tudo de novo. É nessa jornada que o prosperar vem.
Sou Kamila Gomes, psicopedagoga e CEO da Nossa Salinha, onde ajudamos adolescentes a serem protagonistas do próprio aprendizado com organização e inteligência emocional. Continue acompanhando minha coluna mensal aqui, na PINC, onde iremos conversar sobre educação inovadora, maternidade e adolescência.
Te vejo em breve!
Fórum Econômico mundial 2018:
http://abet-trabalho.org.br/wp-content/uploads/2018/12/WEF_Future_of_Jobs_2018.pdf
