Uma pesquisa realizada pela empresa McKinsey em 10 países obteve mais de dez mil respostas que deixaram mais claro o posicionamento dos consumidores acerca da importância das características percebidas em embalagens nos mais diferentes setores do mercado.
Com base nos resultados observados, a pesquisa levantou três pontos principais. Primeiramente, num contexto pós pandêmico, fica claro que o consumidor passou a valorizar mais as embalagens consideradas seguras e higiênicas. Além disso, a percepção de um maior número de lixo encontrado nos oceanos, bem como dos níveis gerais de poluição, fez com que o quesito sustentabilidade se tornasse ainda mais importante no ponto de vista do consumidor. Por fim, percebe-se, com base nos dados obtidos, que não há um consenso, por parte dos consumidores, sobre qual tipo de embalagem seria a mais sustentável, apesar de a grande maioria concordar sobre quais seriam as menos sustentáveis, o que aponta uma larga desinformação acerca do tema, independente do nível de desenvolvimento do país.
É importante destacar que com a chegada da pandemia muitas marcas optaram por realocar seus investimentos que seriam destinados a recursos sustentáveis para áreas como higiene e segurança, que eram aspectos mais importantes para os consumidores neste contexto. Isto não significa que não há uma forma de conciliar sustentabilidade com tais características, apenas que uma situação extraordinária como a pandemia não permite pensamento estratégico de médio/longo prazo neste quesito, o que impacta diretamente as diretrizes e o plano de ação das marcas.
Apesar dos esforços terem sido adaptados de maneira súbita, deve-se ressaltar que a preocupação com embalagens sustentáveis deixou de ser, há certo tempo, uma responsabilidade exclusivamente atribuída às marcas. Com o passar dos anos, autoridades governamentais globais têm buscado implementar regras e metas cada vez mais restritivas no que tange à produção em massa de produtos que não respeitem diretrizes sustentáveis, o que, sem dúvida, pressionou marcas, pequenas e grandes, a se adaptarem a esta nova realidade.
Ainda na pesquisa feita pela empresa McKinsey, é possível observar que, em todos os mercados, a grande maioria dos consumidores está disposta a pagar mais caro por um produto que tenha uma embalagem que causará menos dano ao meio ambiente. Ao mesmo tempo, os dados apontam que há dois fatores cruciais que poderiam mudar a forma como os consumidores agem frente a tais produtos: disponibilidade e informação. Portanto, o que as marcas devem fazer é focar num sistema de distribuição mais eficiente e abrangente, aumentando a oferta de produtos sustentáveis em mercados diversos. Além disso, as embalagens devem conter informações relevantes e claras que destaquem a importância e as vantagens de se consumir de maneira sustentável, aumentando, assim, as chances do consumidor ser convencido a consumir seu produto.
Por fim, o estudo aponta três questionamentos que devem ser feitos pelas marcas que querem ser proativas no desenvolvimento de uma cultura corporativa sustentável.
- Ao observar os mercados em que atua, que tipo de mudanças comportamentais e regulatórias podem ser implementadas em breve? Aqui se trata exclusivamente do famoso “prevenir para não remediar”, ou seja, ao entender novas regulamentações que estão entrando em voga a nível mundial, bem como as tendências percebidas na forma como o consumidor age, a marca está se preparando de maneira eficiente e antecipada para que nenhuma novidade acabe pegando de surpresa o planejamento estabelecido.
- Considerando tais fatores, onde sua marca ficaria mais exposta considerando seu desempenho e posicionamento mercadológico? Aqui observamos um verdadeiro plano de risco, ou seja, avaliam-se as possibilidades e desdobramentos de maneira realista, com base em dados e levando em conta a forma de atuação dos concorrentes, impedindo que os investimentos e aportes de recursos sejam feitos de maneira desregulada ou errônea, causando problemas financeiros e de imagem.
- Quais oportunidades de crescimento surgiriam e fariam sua marca se destacar caso ela fosse capaz de oferecer opções/produtos inovadores? Esta questão está relacionada diretamente ao reconhecimento de oportunidades de mercado, ajudando no posicionamento estratégico efetivo da marca em seu contexto de atuação.
Com base nas respostas dos questionamentos acima elencados, as marcas podem, com base em dados reais e medidas coerentes, traçar um plano de ação eficaz, com roadmaps estratégicos. Além disso, tendo um panorama geral de atuação, se torna muito mais simples a busca por novas tecnologias e parceiros que serão fundamentais em cenários de procura por alternativas e difusão de riscos.
Por muitas vezes, fatores relativamente pequenos (como as embalagens) numa cadeia de produção de grande escala, podem parecer irrelevantes ou não merecedores da devida atenção, mas o estudo realizado pela McKinsey deixa clara a dificuldade e a importância de uma marca ter uma visão 360º do mercado e da forma como deve atuar. A compreensão da evolução mercadológica, seja a curto ou longo prazo, bem como do entendimento do comportamento do consumidor, é essencial para que uma marca obtenha sucesso.
